sábado, 2 de abril de 2011

À seis passos Norte...



Quando penso estar levando a minha vida a um novo espaço, um novo rumo, acontecimentos surgem, fazendo-me reinterpretar minhas condições como ser humano. Já não posso mais contra o tempo, para falar a verdade, há muito tempo deixei de contestá-lo. À seis passos norte, tento encontrar, quem sabe, algo ou alguém que me ensine o caminho correto, ou que, ao menos, me faça companhia nas noites frias de inverno. Com braços abertos recebo a vida com um novo olhar, respeitando meu caminhar lento, minhas dificuldades, fincando cada passo no solo da verdade. Agora ando devagar porque um dia a pressa me fez ver que andava pelo caminho incerto. Levo hoje comigo o sorriso da saudade, o brilho da esperança, momentos vividos que sei que jamais voltarão, mas que, para sempre estarão presos em minha memória. Penso que conhecer a vida seja simplesmente ter um caso de amor com a própria verdade, desvendar o infindáveis mistérios que oculta a mente e que limitando nossa capacidade de entendimento. Hoje só carrego a certeza de um passado doloroso, virtuoso, voraz, que me trouxe de volta a capacidade de amar. Minhas lágrimas encobertas pelo desgosto de outrora, facilitou meu aprendizado, colocando em pastas meus problemas, organizando minha vida para a chegada de novos inquilinos. Mesmo quando tudo um dia me pareceu perdido, encontrei no caminho uma peça importante para minha nova jornada. Até quando o corpo pede um pouco de alma? Enquanto o tempo acelera, recolho ao chão, partes de mim mesma que se desmontaram ao longo da minha caminhada, e que hoje me ajudam a escrever um novo capítulo da minha história, que agora ganha um novo personagem: Você! Ando por ai querendo te encontrar, mas me faltam palavras para ocupar o interior da minha alma, possibilitando meu grito de liberdade. Pela estrada da vida deixei lembranças, vivi momentos, abandonei algumas verdades, sabotei minha memória. Perdida na escuridão, algo me fez enxergar um feixe de luz. Algo inexplicável, implacável, inesperado. Algo que mexeu com minha vida, acelerando ainda mais a minha mente já repleta de indagações. A cada canção um pedaço de mim vai à sua procura. A cada novo olhar hoje descoberto, procuro encontrar o brilho que um dia encontrei em teus olhos. Cada vez que te olho minha vida ganha um novo sentido, se perde em emoções e silêncio. Gostaria de poder entender como a vida me fez conhecer você, ou melhor, me fez reencontrar alguém que reacendeu o sentimento que há muito encontrava-se adormecido. Sigo meus passos com a dúvida do ontem e a certeza do amanhã. Carrego comigo novas bagagens; bagagens essas pueris, que tornam meus passos mais suaves, menos incertos. Ao norte reflito com a consciência derramada, fixando meus seis passos, perdidos no passado, na areia do tempo. Sim, é ele mesmo. Aquele mesmo tempo que um dia me fez chorar de raiva, rir de alegria, que me fez esperar e tocar em frente... o mesmo que preparou o terreno da minha vida para receber você. Indo de encontro ao gradiente dos meus princípios, diminuo a energia que utilizei para ativar a minha mente, permitindo assim o aumento da velocidade das batidas do meu coração. À seis passos da flor que desabrocha ao longe, contenho minha ansiedade, meus impulsos, com a certeza de dias mais ensolarados que interrompam a névoa que cai aonde você está. Os pingos que a chuva deposita em minha face, lavam minha antiga aparência, redescobrindo uma essência escondida por entre as pétalas e espinhos da rosa que me levou para o sentido oposto. Agora tudo muda, tudo mudou. As horas se tornaram escassas, os minutos passam como eletricidade, as reações se deslocaram como em alemão, deixando-me à par das novas escolhas. Uma simples certeza tornou-se uma reação em cadeia, que me prendeu nos tubos do medo e me libertou da gaiola onde minhas expectativas ganharam uma nova chance; chance essa que me devolveu a vida, que me consolou no momento em que pensei em tudo largar; que me mostrou um caminho mais químico, mais catalisado, mais real. Uma chance que me devolveu o brilho no olhar, que aos poucos estava sendo apagado pelo ácido do desgosto e que agora foi remediado, permitindo que minha vida agora prossiga para um novo começo: À seis passos norte do meu melhor presente!
Fernanda Duque